Jornalistas e bebida sempre foram bons companheiros.

Huuummm!... Delícia!
Teve uma redação local que era turbinada a base de caipirinha.
Todos bebiam: repórteres, visitantes, máquina de escrever, impressora, bobina, enfim, era aquela festa no fechamento da edição... 
Foram anos assim. 
A direção já tinha percebido a farra e proibiu a entrada de bebida alcoólica sob pena de demissão com justa causa. 
Mas se esqueceram de um detalhe: estavam lidando com seres hipercriativos! 
O que os olhos não enxergam o coração não sente...
Aquela restrição de nada adiantou. 
Como mandariam embora toda a redação? Não tinha como...
Era só dar um jeitinho para a faxineira não encontrar os copos de caipirinhas nas lixeiras no dia seguinte, aqueles de plástico, grandes, enormes, com limão seco socado e um palito de 20 centímetros...
Santa ingenuidade. 
Para não deixar vestígios ou se levava os copos para um lixo bem longe ou se fazia outra coisa. 
Preferiram outra coisa: jogá-los no telhado do prédio!
Quem ia vê-los lá em cima? Só Dionísio...
Depois de anos a fio jogando cinco, seis e até dez copos por dia no telhado, eis que um dia entupiu a calha... 
Chamaram uma pessoa para resolver o problema e o sujeito subiu no telhado sob os olhares atentos de um dos diretores do lado de baixo esperando saber o que tinha entupido as calhas.
- Doutor, mas teve uma festa aqui em cima!
- Festa? Mas que festa? Como assim?...
- Está cheio de copos de caipirinha...
- Então joga tudo para baixo...
O diretor encostou uma pick-up para que os copos fossem jogados dentro da carroceria. 
Sob os olhares curiosos, estupefatos e sorrisos discretos o desfecho foi inusitado: encheu-se toda a carroceria só com copos contendo limão seco, esturricado e palitos, palitos e mais palitos!
O diretor não titubeou. 
Resoluto foi até o chefe de redação e sentenciou em tom de trégua:
- Ok, vocês venceram. Podem beber, mas, pelo amor de Deus! Não joguem mais copos no telhado!!!