Luís Carlos Luciano
Jornalismo e literatura se entrelaçam numa história de vida

O motorista invisível

Em meados de 1969 o ex-prefeito Totó Câmara compra o primeiro carrão da Prefeitura: uma Veraneio, um primor, o veículo mais bonito naquela época aqui na cidade segundo o Djalma Barros...

Djalma trabalhava diretamente com Totó que tinha um jeep porque as ruas eram de terra, aquela dificuldade que todos já imaginam.
Cezar Luchezzi era um benemérito. Doou a área do clube de campo dos nipônicos e da Vila Popular.
O filho do Garcia Neto, presidente da empresa de habitação, viera a Dourados para ver o terreno doado para a Vila Popular.
O ilustre visitante era para ser transportado na Veraneio, mas por algum motivo acabou sendo levado pelo próprio Totó no jeep.
Djalma conta que estava doidinho para dar uma voltinha naquele carro novo guardado na casa do Totó – alvo de duras críticas por parte do radialista Jorge Antônio Salomão.
Na casa do Totó, as filhas do prefeito pedem para dar uma volta naquele carrão. Djalma não pensou duas vezes. Afinal, ninguém ia ficar sabendo. E saem para aquele passeio gostoso. Djalma se dirigiu justamente para os lados do Indaiá sem saber da agenda do prefeito...
Na volta avista o Totó com o visitante e sente um frio na barriga... Não tinha outro desvio...
Teve que pensar rápido. Djalma pede para as crianças se abaixarem e se esconderem, ele também se abaixa e passa a certa distância do prefeito fazendo de tudo para não ser notado...
No dia seguinte Totó chama-o no gabinete e ele já imaginou o tamanho da bronca...
Mas o prefeito jogou primeiro o verde:
- Roberto, acho que eu preciso ir ao médico... Ontem eu vi a Veraneio passando sozinha na rua, sem motorista... Será que estou ficando louco?
Roberto Djalma não teve outra saída:
- Fui eu prefeito que tava dirigindo o carro e me agachei...
Tratou de ir saindo de fininho do gabinete...