Luís Carlos Luciano
Jornalismo e literatura se entrelaçam numa história de vida

O Fuscachambó anda mais preguiçoso do que formiga aposentada. Também pudera. Com essa buracaida nas ruas e o preço da gasolina a peso de ouro, o melhor mesmo é ficar quietinho na garagem, contemplando o vazio e os remendos do pneu.

Mas de vez em quando ele tem dado uma saidinha sim, pelo menos para ouvir as fofocas no mundo das latas. O Fusca leva ao extremo aquela máxima de que se você não pode com o inimigo, junte-se a ele. Como é impossível desviar-se de todos os buracos da cidade, a maioria deles brazmétricos, o jeito foi fazer amizade com eles.

É um oi daqui, um olá prá lá e um fom fom que não acaba mais. Os mais engraçadinhos dizem: upa cavalinho!

O Fusca comenta que os buracos contam tanta coisa e que olhar de baixo prá cima tem lá suas vantagens. Uma delas é ver que tem muito carrão por ai que se pinta de gostosão com cada furo imenso no assoalho...

Tem o buraco melancólico, aquele que só vive de mal com a vida, o com cara de japonês, aquele outro que parece uma omelete, aquele que faz eco, enfim, tem cratera prá todo gosto. O Fusca acha que vai ficar com saudades deles. Mas eles são igual tiritica. Mata-se uma e vem outra no lugar