Luís Carlos Luciano
Jornalismo e literatura se entrelaçam numa história de vida

Fuscachambó - 7agosto2000

Aprender a dirigir hoje em dia é tão necessário quanto saber ler e escrever. O difícil é aprender essas coisas quanto já se fica velho, quando a mente começa a fi­car meio enferrujada, a pre­guiça bate nas costas e a matreirice toma conta do es­pírito.

Mas isso não é genérico, naturalmente. Alguns remam contra a maré e conseguem chegar na praia. Foi assim com o Fusca Bala. A buzina era um berro e o freio um toco.

Comprou um Fusca sem saber dirigir. Entrou na auto-escola mas hoje em dia está mais fácil fazer Medicina do que tirar carta de motorista. O que antes era fácil - muita gente aqui na cidade com­prou até carta por telefone - tornou-se um martírio. O motorista tem até que apren­der sobre o funcionamento do motor.

Lá vai nosso protagonista fazer as primeiras aulas teó­ricas. Decorar a sinalização foi como aprender a tabuada novamente. Aula vai, aula vem, mandam ele voltar à noite para conhecer o motor.

Vou mas demora, pensou consigo.

O Fusca Bala diz que se pegar no volante ele sai diri­gindo. Ninguém duvida. Nin­guém duvida também as pre­sepadas que ele vai fazer no trânsito e quantos meio-fio ele vai passar por cima. Tal­vez ele preferisse continuar an­dando a pé.

O sujeito nem de bicicleta aprendeu a andar. Ele expli­ca porque:

- Lá no sítio, no Barreirão, só tinha cavalo.