Luís Carlos Luciano
Jornalismo e literatura se entrelaçam numa história de vida

Fuscachambó - 21agosto1997

O painel mais intrigante para o profissional do volante é o do borracheiro. Aquele isopor que ele costuma afixar na parede com os diferentes tipos de pregos e parafusos é uma piada, uma coleção bastante esquisita

Manuel Estrada, depois de suar a camisa trocando o pneu, passou por uma borra­charia e ficou observando aquele quadro e enquanto olhava desatento, o esperta­lhão enfiou a câmera na ba­nheira velha cheia d'água, fu­rando-a em mais três lugares na tábua velha cheia de pre­gos que ficava no fundo.

- Não tem jeito doutor, tem que arrumar...

O conserto ficou três ve­zes mais caro.

Outro cidadão, desportista e orgulhoso com o seu tro­féu, deparou-se com um pai­nel desse e pensou consigo: cada um tem o troféu que merece.

Mas o orgulho para o bor­racheiro é manter um quadro cheio, com pregos de todos os tamanhos, tipos e parafu­sos.

Uma coisa folclórica. Certa vez eles resolveram fa­zer uma exposição mas a idéia não foi muito longe.

O difícil foi encontrar cri­térios para avaliar uma ver­nissage desse tipo. Como escolher o melhor quadro ? A partir do melhor ou do pior prego ? Existe o melhor e o pior nessa questão ?

Além disso, seria uma go­zação em cima das vítimas dos furos.

No final da reunião regada a pinga, um deles ficou bravo com o pneu furado do seu carro. É que não ficou ne­nhum borracheiro sóbrio para fazer o conserto. O feitiço vi­rou contra o feiticeiro e o ci­dadão sentiu o quanto dói a dor do parto.