Um bosquejo para Odila
Como passarinho não pode ter medo de voar e o coração está cheio de boas intenções, bosquejei alguns versos no estilo livre para ver se, no mínimo, chego às canelas dessa nobre poetisa que muito honra Dourados, autora de vários trabalhos bonitos com seu inegável talento, jeito gaúcho e forte de ver as coisas.
Naquele dia não estive na Câmara. Desconhecia a sua participação, mas logo que soube da minha caricatura – agradeço aqui também ao desenhista Amarildo Leite – e da alocução, fui ao escritório dela para obter uma cópia.
Ela tampou o rosto com a máscara caricaturada e leu este verso:
Como escritor preparado
Eu vou dando o meu recado
Com seriedade e lisura.
Não fico só nas manchetes
Pois não gosto de confete
E apesar da vida dura
Como meus livros de memória!
Eu vou ficar na história
Pois meu forte é literatura!
Foi à menção mais carinhosa recebida desde em que me encorajei a iniciar trabalhos literários, depois de longos anos na cozinha do jornalismo, embora as crônicas semanais tenham dado feedback e algumas pessoas têm enviado e-mail comentando-as.
Devo igualmente agradecimento aos sites que as têm divulgado e, é lógico, aos leitores, sem os quais todo esse esforço seria em vão.
Na minha humilde concepção, gratidão se paga com gratidão, ainda mais quando a gente tenta sobreviver em meio ao coçar e ao coçar o verbo, atividade feita com magia, calorias, eletricidade, subjetividade, concretismo, valores abstratos e espiritualidade cujo profissionalismo se mistura à imaginação e à inspiração.
Poucos percebem o tamanho do tecido verbal que nos envolve, indistintamente, e um número menor, infelizmente, dá o devido valor à arte de trovar, frasear, versar, ao repente, escrever com a caneta da alma coisas boas e positivas que levam alegria, felicidade, amor, informação, análise, romantismo, nostalgia, meninice, conforto e um olhar diferenciado sobre os fatos, entre outros predicados.
Apesar dos pesares, Dourados tem alguns valorosos talentos nessa área. Entre os quais, a distinta Odila Lange.
Espero que o caro leitor aprecie isto:
Para um bom pagador
Apenas agradecer
Pode não ter o mesmo sabor...
Por isso mesmo eu entendo
Palavra de carinho e afeto
Se paga com o mesmo acendedor...
Razão de meu bilbode
É acender ainda mais o seu calor!
Quando você na homenagem aos jornalistas
Lembrou-se com ardor e pendor
Deste humilde refém das palavras
Entre outros destacados
Eu logo fiquei pensando
Como Deus faz gente de muito amor...
Que reconhece os artistas
E dão a eles devido valor!
Feliz de um burgo
Cujos talentos...
Brotam como uma flor!
Pois, o que seria da nossa Dourados...
Sem os trovadores, poetas e artistas...
Que cantam versos
Como passarinhos que não se calam
Mesmo estando à frente do atirador!
Pois você Odila Lange
É uma heroína e feminista inquieta
Cuja academia enriquece
Com o seu talento encorajador...
Não tenho o mesmo dom
Como tu fazes com os seus versos...
Sou apenas um admirador
De sua pena que se veste de trovador!
Arrisco aqui uns poucos versos
Porque eu senti que nem todos
Na solene homenagem...
A retribuíram com o mesmo pendor!
Pelo menos aqui faço
A minha singela e sincera peça
Que talvez um dia...
Chegue aos pés do seu valor!
Obrigado mais uma vez
Professora, poetisa, incentivadora...
Que reconhece a menor fagulha
Que se acende literariamente
Na vinha da ansiedade
Procurando contribuir
Com desejos, sonhos e deleites...
Aqueles que esbanjam amor no lugar do dissabor!
Seja como memorialista, jornalista ou cronista...
E agora quem sabe um neo-versista...
A verdade é que um elogio ajuda
A levar adiante essa vontade
De sempre coçar o verbo...
Assim como tem feito
A poetisa Odila Lange
Desenhando trovas com muito amor!