Luís Carlos Luciano
Jornalismo e literatura se entrelaçam numa história de vida

* Vontade de escrever

Talvez esse título de apresentação não seja de todo apropriado para o momento, mas por falta de outro, fica esse mesmo, pois, ele expressa uma pura e simples verdade. O leitor pode ficar imaginando: um jornalista deve estar farto de tanto escrever e de ler sistematicamente textos diariamente e não teria cabimento arranjar mais periquitos para a gaiola, mas a lida jornalística, embora semelhante, é uma prima distante do exercício literário.
Estou iniciando uma série de crônicas literárias semanais a partir de hoje, a serem publicadas neste mesmo espaço, com o objetivo de aliviar a alma, escrever futilidades, contar estórias e colocar em prática uma idéia que nasceu, na verdade, quando me aproximei mais da Literatura no Curso de Letras e se fortaleceu durante a especialização e as aulas com alguns doutores na matéria. Tirar o peso de um fardo contínuo pode ser uma boa terapia. Servir o leitor com essa leveza talvez me faça esquecer o holerite.
O recomendado, o aconselhável e convencional é unir o útil ao agradável, mas neste mundo maluco e de conceitos mil e com a semiótica para sinalizar novos horizontes, quem sabe desunir o útil do agradável e unir o inútil ao desagradável sirva para a alquimia verbal e disso tudo saia uma nova espécie de pitbull menos raivosa, menos violenta. Como diriam as magérrimas: light.
O que eu quero dizer o leitor não precisa entender. Já bastam as notícias para serem compreendidas. Este espaço estava faltando no jornal para se preencher um vazio que transcende o ambiente dos fatos, dos comentários e opiniões. Dar asas ao imaginário é o convite premiado para a festa no céu.
Este aprendiz de ermitão está em Alfa e com uma coceira danada para escrever um canteiro de abobrinhas. Espero que os leitores sintam também essa coceira e quem sabe assim a mimese se efetive. Acho que está faltando um olhar espontâneo e menos compromissado sobre muitas coisas que acontecem em Dourados e espero ter a graça, a iluminação e a competência para contribuir com uma leitura onde a gente ajunta os interesses, a picuinha, a realidade e amassa tudo e joga no lixo. A Literatura tem essa primazia de fazer com que as palavras, conceitos, formalidades, desejos, esperanças e amores se congracem como um encontro de borboletas que recém saíram do casulo. Até semana que vem.
 
*Texto publicado no Diário MS anunciando o início das crônicas semanais às segundas feiras na página 3 do caderno 2.