Luís Carlos Luciano
Jornalismo e literatura se entrelaçam numa história de vida

Pequena trovoada

Uma quase unanimidade nacional é, indiscutivelmente, o futebol. Mas uma boa piada também tem imensa popularidade. Já se inventaram diálogos divertidos sobre um montão de coisas, das mais “cabeludas”, impróprias para menores de 18 anos, obscenas, outras ingênuas e muitas simplesmente geniais.
Os pescadores, os gaúchos e portugueses são as “vítimas” em potencial. Aqui na fronteira há muitas também sobre os paraguaios e estes, para descontar, inventaram dezenas sobre os brasileiros...
O “boavida” do Alfredo Barbara oferece a seus leitores uma pequena trovoada todas as semanas, há sites que se dedicam a esse divertimento e as bancas vendem revistas com anedotas para os mais diferentes gostos.
Mas há aquelas que a gente só ouve nas mesas de bar, nas rodas entre amigos e parentes. O brasileiro é um dos povos, sem dúvida nenhuma, mais criativo. Pudera: para se viver com tanta miséria, haja criatividade!
Onde se vê uma roda de pessoas dando boas gargalhadas, pode-se saber que alguém está contando uma piada...
Tem aquela dos pescadores:
- Compadre, eu consegui pescar um lambari de um metro...
O outro retruca:
Pois é compadre, lá na minha seva eu pesquei uma lamparina acesa...
Nisso o primeiro fica pensando...é brincadeira...o compadre está se divertindo com a minha cara e admite:
- Então vamos fazer o seguinte: eu diminuo o tamanho do meu lambari e você apaga a luz da sua lamparina!!!
Tem a outra do pescador que dormiu com a vara na água. O companheiro, dado a fazer arte, pega o anzol e fisga-o no rabo de um tatu e o bichinho sai correndo mato afora e o pescador desperta com o puxão...
- Eu não disse, este aqui é o terceiro tatu que eu pesco neste poço, eu conto na cidade e ninguém acredita!!!...
Não pode faltar a do bêbado, trêmulo, tentando ler o jornal de cabeça para baixo. A simpática mulher chega e corrige:
- O jornal do senhor está de cabeça para baixo...
O bêbado:
- E está mole também...
Falam muito dos gaúchos, mas há duas de paraguaios merecedoras de citação.
Uma é sobre o barulho do relógio.
- Você sabe qual a diferença entre o relógio do Brasil e o do Paraguai?, pergunta o brincalhão.
- Não, não sei...
- Enquanto o relógio do Brasil faz “tic-tac” “tic-tac”, o do Paraguai faz “eáh-eáh” “eáh-eáh”...
Os dois bêbados brigam no bar e um deles sai e busca uma faca.
- Agora vamos ver, aponta a lâmina para o desafeto.
- O outro saca de um revólver da cintura:
- Mais um passo à frente e eu prego fogo...
O acuado:
- E prá tráis pódi?
O pescador lá de São Paulo fez amizade com um índio e todas as vezes que pensava em viajar para os rios de Mato Grosso do Sul, ligava para o índio:
- Como está o clima, tá chovendo, tá sol, está bom para pescar?
O índio respondia com aquela paciência inerente que “está ótimo, pode vir” ou então “está ruim, não vem não”, poupando o deslocamento dos pescadores de tão longe.
Certo dia, o paulista telefona novamente e o índio se mostrou hesitante, dizendo que não sabia se ia chover ou não.
- Mas como você não sabe?
- Sabe o que é seu doutor, é que acabou a pilha do radinho...
As galinhas dos sem-terra são as que mais sofrem com esse negócio de invade fazenda, sai de fazenda, ocupa beira de estrada, sai da beira da estrada.
Elas já estão tão acostumadas com as mudanças e que quando chega a viatura da polícia elas já ficam com os pés juntinhos para serem amarrados...
A dos dois bêbados, velhos companheiros, fizeram um pacto alcoólico. Quando um morresse, o parceiro deveria beber pelo falecido.
E assim aconteceu. Todos os dias o sobrevivente passava no bar e pedia uma dose para ele e para o amigo. Até que um dia, todo corroído pela bebida, o amigo chegou no bar e pediu:
- Coloca uma dose aí!
O dono do bar estranhou e perguntou:
- Você não vai beber pelo seu amigo não?
- Não, esta aqui é para o meu amigo mesmo porque eu parei de beber...