Luís Carlos Luciano
Jornalismo e literatura se entrelaçam numa história de vida

Para ti, leitor

 

Em respeito ao leitor (a) comunico a decisão de deixar, temporariamente, de escrever novas crônicas semanais. Isso pode não ter nenhuma importância para muitos e ser visto como desnecessário, mas para mim é fundamental dar uma satisfação até por questão de lealdade.

 

O leitor está assim como o pão está para a manteiga.

Durante alguns meses meus devaneios devem ter contribuído para alguma coisa. Seria mais fácil remover uma montanha do que entender claramente o resultado. Talvez só o tempo possa dizer algo de concreto.

Espero, pelo menos, ter sido útil porque escrever com certo pendor literário é sério e árduo. Quanto mais fácil, divertido e interessante para o leitor, mais complicado para o escritor.

Quando se rebusca a alma, o vago âmago da efervescência de idéias e sentimentos e se tenta juntar a tudo isso uma pitada de humor, um céu de estrelas se coloca à frente provando-o, testando-o, provocando-o, embelezando-o e às vezes devorando-o.

Sempre há uma pontinha de dúvida sobre tudo e todos.

Escrever é transpiração, mas um pequeno detalhe saltando lá do fundo, não se sabe ao certo de onde, faz muita diferença.

É o vôo da borboleta.

Manoel de Barros, para quem tudo que se cria é verdadeiro, com sua magnífica e talentosa obra, disse humildemente, mais ou menos assim: “se uma pessoa ler meus poemas já me dou por satisfeito”.

Então um pobre aprendiz de ermitão pode se sentir alegre e feliz com apenas meio, não?

Sabe, essas coisas de rebuscar o íntimo e atribuir valores a partir daquilo que se ouve e vê coloca-me em ligeira transparência e enrascada.

Nunca se sabe ao certo o efeito e a aceitação ou não da prosa.

Como disse, a dúvida sempre acompanha, querendo ou.

Ao lado da solidão, ela se torna parceira inseparável.

Ative-me a aspectos urbanos, mas na verdade nunca desgrudei os olhos do mato.

Não sei ao certo, mas o mato, a terra, as árvores, os córregos, o barulho dos ventos, os sons dos pássaros, as formigas, os lugares ermos proporcionam-me fascínio.

Parece querendo dizer algo e não consigo entender.

Muitas das idéias surgiram nas conversar entre amigos, aliás, eles são prestativa fonte de pesquisa e reflexões.

A angústia e o sofrimento podem ser vistos pelo relógio: agora são 5h e desde 4h reluto tentando a melhor maneira de me despedir.

Gostaria de expressar gratidão em relação aos editores de jornais virtuais e impressos por terem me oferecido espaço, permitindo conexão mútua com o leitor.

Pode parecer um clichê, mas eu nunca fui bom para despedidas. Aliás, na verdade, não sei ao certo até hoje se sou bom em alguma coisa, pois, são tantas frustrações... Talvez tenha valia nas ingenuidades da vida, embora me sinta atraído pelo roçar das palavras e suas intertextualidades e metalinguagens.

A escrita é eterno aprendizado e prefiro ser lembrado pela tentativa de sempre escrever do que por qualquer outra coisa.

As palavras expressam de forma mais legítima o modo de ser.

Eu não dormiria tranqüilo se não externasse esse agradecimento.

Há poucos, por aqui, exercendo a veia literária. Não é por falta de talentos. Mas essa atividade não leva pão para casa.

Isso é lamentável e triste.

Se a teimosia persistir, corre-se o risco de morrer de fome.

Até breve!

Até algum dia em qualquer livraria ou nas esquinas da vida.

Meus trabalhos continuarão disponíveis, por enquanto, na Internet.